Categoria: Blockchain
No Brasil, o varejo já vive o futuro dos pagamentos — e ele se chama Pix.
Com liquidação instantânea, custo baixíssimo, ampla aceitação e integração nativa ao sistema bancário, o Pix oferece uma experiência tão eficiente que deixa pouco espaço para stablecoins competirem no cotidiano de quem compra ou vende localmente.
Mas o cenário muda quando olhamos para pagamentos transfronteiriços. É nesse nicho que as stablecoins começam a se destacar: são rápidas, acessíveis, funcionam 24/7 e eliminam boa parte da fricção e dos custos típicos das transferências internacionais. Freelancers, pequenos importadores e criadores de conteúdo que operam em dólar já perceberam isso.
No Brasil, stablecoins não substituem o Pix — mas podem complementar. Especialmente quando o assunto é liquidação global, programabilidade e inclusão digital além das fronteiras.
Lei meu artigo publicado no NeoFeed, em julho/25

Me chamou a atenção a matéria publicada no site Finestra, sob o título “Central banks ponder the risks of tokenisation“.
A tokenização do dinheiro traz muitos benefícios, mas também apresenta desafios econômicos, jurídicos e técnicos que precisam ser abordados para que seu potencial seja totalmente realizado, afirma o Banco de Compensações Internacionais (BIS, na sigla em inglês).
O BIS define a tokenização como a geração e o registro de representações digitais de ativos tradicionais em uma plataforma programável.
Em um relatório preparado para o G20, o BIS afirma que essa tendência em desenvolvimento pode ter implicações para o papel dos bancos centrais em pagamentos, política monetária e estabilidade financeira.
Nessa matéria, Agustín Carstens, gerente-geral do BIS, diz: “A tokenização tem um potencial significativo para melhorar a segurança e a eficiência do sistema financeiro. Os bancos centrais, juntamente com o setor privado, devem continuar a explorar novas tecnologias e desenvolver soluções adequadas para o sistema financeiro do futuro. No entanto, a tokenização também apresenta desafios econômicos, legais e técnicos que devem ser enfrentados para que seu potencial seja realizado. O BIS está comprometido em explorar esses desafios por meio de sua análise e projetos no Hub de Inovação nos próximos anos.”
No início deste ano, o BIS, junto com sete bancos centrais, embarcou em um grande projeto para explorar a tokenização de pagamentos transfronteiriços. O Project Agorá baseia-se no conceito de livro-razão unificado, proposto pelo BIS, e investigará como depósitos tokenizados de bancos comerciais podem ser integrados com dinheiro tokenizado de bancos centrais em uma plataforma financeira programável público-privada.
Atualmente, o Banco Central do Brasil não está listado entre os sete bancos centrais principais participantes do Project Agorá, que é uma iniciativa liderada pelo Bank for International Settlements (BIS).
O projeto inclui bancos centrais da França, Japão, Coreia do Sul, México, Suíça, Reino Unido e Estados Unidos, além de 41 instituições financeiras privadas de diferentes países, incluindo grandes nomes como Visa, Mastercard, Swift, Banco Santander e BBVA.
A meta do Project Agorá é explorar a tokenização de ativos e pagamentos transfronteiriços, utilizando depósitos tokenizados e dinheiro digital de bancos centrais para melhorar a eficiência e reduzir os custos em transações internacionais. A expectativa é que o Project Agorá esteja em andamento até o final de 2025, quando um relatório final será publicado, discutindo os aprendizados e as possíveis bases para uma futura infraestrutura de mercado financeiro
Após minha publicação “Visa e Transak lançam solução para facilitar a aceitação de criptomoedas em transações comerciais“, alguns leitores me deram o feedback de que, apesar de parecer muito interessante, não ficou claro qual seria a jornada do usuário para utilizar suas criptomoedas em estabelecimentos da rede Visa. Resolvi escrever este novo texto para clarificar este ponto.
Acredito que uma forma simples de entendimento seja através da apresentação de uma jornada típica do usuário. Uma vez entendido, apresentarei alguns detalhes técnicos.
Suponha um cenário, bem comum para quem faz self custody de criptomoedas, em que:
- você tenha Ethereum armazenados em uma carteira Metamask;
- você possua um cartão Visa;
- você deseje pagar um prestador de serviço utilizando seus Ethereum;
- o prestador possua um terminal de captura Visa.
Através da solução apresentada acima, você seguirá o seguinte fluxo para efetuar o pagamento:
- Entrar na Metamask e Selecionar a opção Sell. Ou seja, você irá enviar alguns Eth que estão na carteira Metamask para um destino;

- Selecionar o valor em Ethereum a ser transferido e a opção Transak. Note que a Metamask apresenta o montante líquido de quanto você irá receber, em reais. Selecionando a opção Transak,você poderá selecionar um cartão como destino dos seus Eth, na próxima etapa.

- Selecionar seu cartão Visa para onde o valor de 0.01 ETH será depositado, após conversão para reais.
- Aprovar a transferência na sua carteira Metamask. Pronto…. Seus Ethereum já foram transformados em reais e depositados na sua conta Visa.
- Utilizar seu cartão Visa, com R$78.70 no exemplo acima, para pagar o prestador de serviços, através de seu PoS. Opcionalmente poderia-se fazer o depósito diretamente no Cartão Visa do Prestador, se assim for acordado, eliminando este passo.
Veja que a experiência é bastante simples, sem ter que entrar em múltiplos aplicativos, com múltiplas senhas e múltiplas aprovações.
Mas, de forma simplificada, o que está por trás dessa transação?
Primeiramente o uso da Rede Visa Direct para fazer crédito de valores (Push) em uma conta Visa. Principalmente no Brasil, temos pouco costume de ver esse fluxo em uma transação. A figura abaixo, extraída do site da Visa, dá uma ótima noção de como funciona o Visa Direct:

Em segundo lugar, como a Transak está conectada ao Metamask, permitiu que dentro das Opções de Sell de criptomoedas da carteira, possamos selecionar a Transak diretamente como broker.
Em terceiro lugar, como a Transak está conectada a Visa Direct (diretamente pelo ponto (1) da figura acima), podemos selecionar qualquer cartão Visa, compatível com recarga, como destino dos recursos.
Importante notar que devido a abrangência global da Rede Visa, esta transação pode ocorrer de forma local ou crossborder de forma muito eficiente e rápida.

A Visa e a Transak, anunciaram um projeto que pode ser o gatilho para uma escalada na adoção de criptomoedas como forma de pagamento em transações comerciais. Afinal, através do uso do Visa Direct, poderão ser realizados pagamentos em transações comerciais com o uso direto de criptomoedas, sem a necessidade de passar por uma corretora e/ou transformação em moedas fiduciarias. Este projeto tem o potencial de permitir que, de forma simples, segura e rápida, mais de 130 milhões de estabelecimentos em mais de 145 países, passem a aceitar criptomoedas como forma direta de pagamento.
Segundo seu criador, “Satoshi Nakamoto” no início do white paper de 2008 que apresenta o conceito, o propósito principal do Bitcoin era “permitir que pagamentos online fossem enviados diretamente de uma pessoa para outra, sem precisar passar por uma instituição financeira”.
Este objetivo, o do uso do Bitcoin como instrumento de pagamento em operações comerciais, ainda está distante de ser atingido nos dias atuais, representando uma parcela muito pequena do montante total, seja por temas regulatórios, volatilidade e dificuldades contábeis e fiscais. As stablecoins endereçam alguns destes pontos, mas isso é tema para um próximo texto.
Contudo, nos dias atuais, a principal atração do Bitcoin tem sido seu papel como reserva de valor, especialmente em tempos de inflação, devido ao limite rígido no número de moedas que serão “mineradas”. Apenas o Bitcoin, possui um market cap de USD 840 bilhões, representando cerca de 47% do market share de criptomoedas. Claro que ainda muito distante do ouro, por exemplo, que possui um market cap estimado de USD 11.7 trilhões.
Este artigo da Forbes, faz, entre outras, algumas considerações interessantes sobre Bitcoin como reserva de valor e proteção contra inflação: “Em termos de quantidade, há apenas 21 milhões de Bitcoins disponíveis. Portanto, devido ao aumento na demanda, o valor aumentará, o que pode acompanhar o mercado e evitará a inflação a longo prazo.
Existem outros fatores importantes que têm contribuído para a expansão do mercado de Bitcoins e outras criptomoedas, como velocidade das transações, descentralização, operação 365×7, acessibilidade e transparência, apenas para citar algumas. Contudo, seu uso como moeda em transações comerciais do dia a dia, continua sendo um objetivo a ser alcançado.
Vale a pena acompanhar a adoção dessa solução da Visa para sabermos se o objetivo inicial de “Satoshi Nakamoto” de 2008, começa a se concretizar.

Faz algum tempo que a Internet tem oferecido Serviços e Produtos de forma “gratuita”. Você se cadastra e ganha acesso a músicas, vídeos, documentos e todo um conjunto de serviços para “facilitar sua vida”.
Embora haja serviços e produtos bem interessantes dentro desta modalidade “gratuita”, o que você deve estar consciente é de que está, na verdade, pagando por eles. Pagando com suas informações que está disponibilizando/compartilhando. Informações pessoais, cadastrais, de relacionamento e comportamentais tem um valor imenso para que as plataforma possam te conhecer e assim monetizá-lo.
Acredito que estejamos entrando numa fase de maior maturidade quanto a importância da manutenção dos sigilos e da propriedade dos dados, compartilhando apenas o necessário.
Se você vai comprar uma cerveja e precisa provar que tem mais de 18 anos, porque necessita apresentar sua carteira de identidade e compartilhar seu nome, data de nascimento, foto, etc. Você só necessita apresentar uma prova de que tem mais de 18 anos.
Este excelente artigo do Valor Investe traz algumas considerações relacionadas a como a tecnologia Blockchain vem mudando este cenário. Para quem quiser se aprofundar um pouco mais, pesquisem sobre as tecnologias de Zero Knowledge Proof.

