Autor: Edson Santos.
Data: 1 de março de 2020

Reproduzo abaixo a matéria de Igor Senra*, publicada na revista Época Negócios, no dia 21/02/2020.
Estatísticas comprovam: em infraestrutura, 47 mil pessoas morrem no trânsito por ano; sem segurança, 43 mil pessoas são mortas por arma de fogo por ano; gasta-se em proporção do PIB em saúde o equivalente a países europeus, porém, a nossa expectativa de vida é uma das mais baixas da América Latina. Na área da educação, 27% de jovens entre 19 e 24 anos não estudam nem trabalham; a produtividade do brasileiro corresponde a 24% da de um norte-americano; e no ranking do empreendedorismo, o Brasil está na posição 109º dos 190 países mais fáceis para se fazer negócio.
Sabemos que, infelizmente, o Brasil está quebrado e é impossível esperar uma solução do Estado para quaisquer dos nossos mais diversos problemas, uma vez que ele mal consegue pagar sua folha de pagamento e as aposentadorias.
Nos últimos anos, desperdiçamos tempo. Uma visão de país para 2030 desenhada por especialistas e que traz uma série de propostas de políticas públicas visando dobrar a renda per capita em 2030 deixa claro o quão pouco avançamos e o preço que milhões pagarão em razão dessa complacência. Dobrar a renda per capita, nos tornando um país de alta renda e menos desigual, se tornaria possível só em 2081, caso o ritmo de crescimento dos últimos 25 anos fosse mantido.
Nossa sociedade precisa avançar e nós temos pressa!
A saída pode estar na iniciativa privada. Empreender é achar nos problemas uma oportunidade de negócio. Portanto, nós, os empreendedores, vivemos um momento muito rico. Temos a oportunidade de escolher como vamos reconstruir o Brasil a partir dos nossos sonhos.
Deveríamos canalizar nossa energia empreendedora para elencar, no meio dessa abundância de problemas, aqueles que combinam uma grande oportunidade de negócios a uma chance real de consertar o país. Esses são os chamados Negócios com Propósito.
Esse novo modelo capitalista é uma forte tendência mundial e já temos bons exemplos por aqui.
Um dos gargalos para o empreendedor brasileiro, no entanto, está na gestão da operação financeira de sua empresa. Ele acaba consumindo tempo do que deveria com a gestão financeria, em vez de se dedicar às atividades principais daquele negócio. Isso acontece pela falta de conhecimento, que gera confusão, e aí, o tempo perdido. A falta de apoio financeiro e a ausência de soluções simples e acessíveis impedem o crescimento das empresas. Instituições bancárias que, invés de orientar, acabam confundido os empreendedores que são especialistas nos seus negócios, e não em gestão de empresas. Quando eles puderem contar com serviços financeiros mais eficazes, a economia do Brasil vai alavancar. Serviços que possibilitem a automatização de tarefas, que ajudem na desburocratização, que tenham até um espaço para aconselhamento, que ofereçam um bom atendimento e que apresentem uma interface amigável. O que está fora do padrão precisa ser fácil para adaptação.
A imagem da indústria financeira se deteriorou muito nas últimas décadas e ela foi a grande responsável por isso, pois as empresas financeiras têm se preocupado mais em servir a si próprias do que ao melhor interesse dos clientes. Mas nós acreditamos no impacto que os serviços financeiros podem ter na sociedade e que a combinação entre empreendedores e finanças pode acelerar nosso crescimento e prosperidade. O Banco Central do Brasil está tomando medidas para facilitar que novos entrantes possam oferecer serviços financeiros. As maquininhas de pagamento são outro exemplo. Elas se transformaram em uma ferramenta praticamente fundamental para o empreendedor não perder vendas, uma vez que a maioria dos consumidores já preferem essa forma de pagamento. Há diversas opções disponíveis no mercado, sejam as de terminal fixo, mais caras, sejam as de cartão móvel e portáteis, mais baratas, geralmente dispensando aluguel do aparelho.
Acreditamos que o empreendedorismo brasileiro pode ser a verdadeira mola propulsora para a recuperação do país. Isso vai acontecer quando empreendedores tiverem à sua disposição serviços financeiros simples, transparentes e acessíveis, que ajudem eles e suas empresas a entender as informações financeiras e, assim, tomar melhores decisões, e que permitam que o acesso ao capital seja uma fonte de crescimento sustentável.
*Igor Senra é fundador da Cora, empresa que oferece soluções financeiras voltadas exclusivamente para pequenos e médios negócios.