1. OBJETIVO
O objetivo deste documento é retratar o atual estágio da Indústria de Meios Eletrônicos de Pagamento no Varejo (cartões de pagamento) com relação ao cenário competitivo, empresas atuantes e barreiras de atuação, face expectativas levantadas com eventos regulatórios ocorridos na indústria na última década. Com base nas análises expostas neste estudo, fica evidente que boa parte das mudanças propostas e discutidas ao longo dos anos (o mais marcante foi a abertura do mercado em 2010) não surtiu os efeitos esperados, e que as mesmas empresas dominantes no passado ainda representam a maior parte do mercado hoje. Por outro lado, os novos entrantes – empresas nacionais e internacionais que buscam promover maior competitividade ao setor –, sofrem com injustas barreiras e entraves operacionais que impedem seu desenvolvimento ou mesmo sua capacidade de operacionalizar serviços básicos. Este documento traz as principais causas e fatores de influência da baixa competitividade da indústria de pagamentos no Brasil.
2. INTRODUÇÃO
A importância do Sistema de Meios Eletrônicos de Pagamento no Brasil é crescente, posto que os cartões e meios eletrônicos de pagamento viabilizam a realização de toda sorte de transações (financeiras e não financeiras) e com isso se tornaram uma necessidade vital e universal para os tempos modernos e globalizados em que se vive.
Em 2013, o Banco Central do Brasil assumiu de vez o seu papel de acompanhar, orientar e fiscalizar as atividades que formam o mercado de serviços e de pagamentos eletrônicos no varejo.
O comércio, o varejo de forma mais ampla e a população brasileira demandam novas formas de meios de pagamento e novos serviços. Com a veloz evolução tecnológica das telecomunicações e a conscientização por compartilhar dos benefícios da atividade financeira, não é mais possível que o Brasil deixe de absorver os mecanismos, instrumentos e serviços que aumentam a produtividade nacional e auxiliem na inclusão social.
Espera-se, portanto, que a entrada de novas empresas de Credenciamento de lojistas e o aumento da competição introduzam novos produtos e mais variados serviços fazendo melhorar a qualidade geral do sistema nacional. É fundamental que esse sistema aumente seus graus de eficiência, eficácia e efetividade em face das necessidades de uma economia como a brasileira – a sexta maior do mundo pelo critério do PIB em 2013 – que supre a 200 milhões de brasileiros, na qual a penetração de cartão de crédito ainda é bastante inferior à de países desenvolvidos, como, por exemplo, os Estados Unidos.
É evidente que a difusão das transações eletrônicas em relação a dinheiro e cheque reduz os custos para a sociedade, bem como aumenta a eficiência de controle da economia, combatendo a sonegação fiscal e gerando um ambiente econômico mais transparente e monitorado.
3. CENÁRIO COMPETITIVO PÓS ABERTURA DO MERCADO
Até julho de 2010, o mercado brasileiro de Credenciamento tinha uma característica muito particular: Cielo era a credenciadora exclusiva da bandeira Visa, enquanto que Redecard (atual Rede) era praticamente a única credenciadora capturando transações da bandeira MasterCard. Desde a sua formação (1995/96), as duas empresas foram responsáveis pela ampliação da aceitação e, em conjunto com indicadores positivos da economia e a evolução do crédito ao consumidor, beneficiando-se de um crescimento enorme e transformando em receitas algumas das oportunidades que surgiram ao longo do caminho. Elas foram responsáveis pela automação da forma de captura de transações, investindo em uma rede de equipamentos de captura (POS) que hoje soma cerca de três milhões de equipamentos.