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PAYMENTS 4.0

As forças que estão transformando o mercado brasileiro

Autores: Edson Luiz dos Santos e Luis Filipe Cavalcanti.

No decorrer da nossa jornada profissional, o Luis Filipe e eu, reunimos informações, conhecimento, dados e pesquisas. No início de 2020, chegamos à conclusão de que tínhamos em mãos um material precioso que deveria ser revelado ao público em geral, de forma organizada, com uma linha clara de raciocínio. Dessa aposta, surgiu a ideia de escrever um livro sobre um tema central: como deve evoluir o mercado de pagamentos brasileiro nos próximos anos? Quais são os fatores que estão influenciando a mudança no setor? Como podemos nos preparar e nos antecipar aos movimentos de mercado?

Entendemos que uma das formas chegar a conclusões sobre o futuro é olhar o passado – isto é, analisar a forma como a evolução de uma indústria ocorreu e, a partir daí, traçar cenários e realizar previsões. Entretanto, nesse momento, temos fortes indícios de que está ocorrendo algo único na indústria de pagamentos. Olhar o passado e fazer previsões sobre o futuro não será suficiente para colocar a sua empresa entre os vencedores no mercado de pagamentos.

O motivo é que muitos dos aspectos que estão moldando o futuro dos pagamentos são novos: a desmaterialização do plástico, os pagamentos invisíveis, o crescimento das plataformas e ecossistemas, o pagamento instantâneo e o crescimento exponencial, para citar alguns dos assuntos tratados ao longo do livro. Dessa forma, decidimos elencar e analisar profundamente o conjunto de forças que estão transformando o cenário de pagamentos no Brasil e como a combinação dessas forças tem resultado em um mercado inovador e vibrante, com uma velocidade de transformação jamais presenciada.

Para atingir esse objetivo e apoiar o leitor nessa jornada, organizamos esse livro em onze capítulos. Dedicamos o primeiro deles a colocar todos os leitores no mesmo nível de conhecimento sobre o mercado de meios eletrônicos de pagamento. A complexidade da indústria e os diversos tipos de empresas que oferecem produtos e serviços na cadeia de pagamentos é descrita no segundo capítulo. No terceiro capítulo, introduzimos quais são as seis forças que estão transformando completamente o mercado de pagamentos, em um modelo elaborado por nós a partir de anos de análise.

Nos capítulos quatro até oito descrevemos as forças que estão transformando o mercado atualmente e que influenciarão as empresas do setor em um horizonte de tempo de 3 a 5 anos. Essas forças são a concorrência atual, os novos entrantes, a evolução do varejo, os reguladores do mercado e o avanço das novas tecnologias. No capítulo nove demonstramos que essas forças, embora sejam independentes, têm o potencial de juntas trazer uma disrupção para o mercado de pagamentos, um processo que foi acelerado pela crise causada pela pandemia de COVID-19.

Reservamos o capítulo dez para tratar de uma força em particular, o poder do consumidor, que ganha especial relevância ao analisarmos as gerações que predominarão nas próximas décadas: a geração Y, também chamada de “millennials”, e a geração Z. Elas já são mais da metade da população mundial e, em dez anos, serão 70% do mercado consumidor. Como elas foram influenciadas pelo contexto histórico? Como agem em relação ao trabalho e à vida? Qual a sua relação com as marcas?

É comum que as empresas do mercado de pagamentos foquem seus estudos no lojista, mas é preciso destacar que a influência das forças descritas neste livro tem levado à criação de novas soluções B2B2C e B2C, principalmente pela ascensão do telefone móvel como uma ferramenta única de interação com os consumidores. Além disso, o ritmo das transformações do varejo se dá, principalmente, pela influência de um consumidor soberano e cada vez mais exigente.

Por fim, trazemos no capítulo onze uma visão sobre como o comércio e os meios de pagamento devem se apresentar em dez anos. Discutimos como a transformação digital e a disseminação dos smartphones têm potencializado o desenvolvimento de plataformas e a criação de ecossistemas. Descrevemos a convergência de bancos, varejo, pagamentos e tecnologia na busca de novas fontes de receita. Falamos da desconstrução do plástico, de experiências de pagamento mais fluídas e dos pagamentos invisíveis. Abordamos como os serviços de assinatura e pagamentos recorrentes estão ampliando a participação no mercado, trazendo conveniência e previsibilidade. Por fim, discutimos a dinâmica dos pagamentos instantâneos, as oportunidades e os impactos para a indústria de pagamentos.

Esperamos que este livro seja uma pequena contribuição para a indústria de pagamentos. Desejamos que o leitor se divirta na jornada de leitura, tanto quanto nós no divertimos com os inúmeros debates que surgiram nas pesquisas e na elaboração dos textos. Não é simples escrever sobre um tema tão atual, ainda mais sob a influência da pandemia de COVID-19, que acelerou alguns dos movimentos já em curso na indústria. Finalmente, esperamos que a análise das seis forças descritas no livro contribua e passe a fazer parte da dinâmica de novos negócios e soluções que vivenciaremos na indústria de pagamentos daqui em diante.

Inscreva-se no webinar de lançamento aqui: https://lnkd.in/dP6GXq3.
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Notícias sobre Pagamento Instantâneo – PIX

Receber uma transferência ou pagamento será muito mais fácil com o novo meio de pagamento criado pelo Banco Central.

Notícia publicada pelo Banco Central do Brasil em 22/07/2020.​

A prática de informar número da instituição, agência e conta para receber um pagamento começará a mudar em 5 de outubro. A partir dessa data, os brasileiros poderão cadastrar o método de identificação de sua preferência para receber o Pix, o pagamento instantâneo brasileiro.

Hoje, uma transferência eletrônica de dinheiro demanda que o pagador passe várias informações para o recebedor. A partir de novembro, quando o Pix estará disponível em definitivo, bastará o recebedor dizer sua chave, que poderá ser:•Número do celular;•CPF/CNPJ;•E-mail; ou•EVP (um número aleatório gerado pelo sistema, para quem não quiser dar um dos dados acima).

Presidente do BC, Roberto Campos Neto, anunciou hoje (22), em live do jornal Valor Econômico, a antecipação de cadastro para receber um Pix.

Essas informações serão armazenadas em uma plataforma tecnológica desenvolvida e operada pelo Banco Central (BC), conhecida como Diretório Identificador de Contas Transacionais (DICT). O DICT, um dos componentes do Pix, será uma base de dados protegida pelo sigilo bancário e pela Lei Geral de Proteção de Dados.

Essa identificação do usuário, conhecida tecnicamente como chave de endereçamento, será sempre informada pelo recebedor ao pagador. Em seguida, o pagador utilizará o aplicativo da sua instituição financeira ou de pagamento para inserir a chave de preferência do recebedor.

Desta forma, o pagador que tiver registrado no seu celular o telefone ou o e-mail do recebedor poderá fazer a transação sem perguntar o dado. Além do uso de chave, o Pix terá outras formas práticas para iniciar o pagamento, como, por exemplo, a partir da leitura de um QR Code. Tudo isso fará do Pix um meio de pagamento fácil, ágil e conveniente para o cidadão e para todos os participantes do sistema. Além disso, o pagador pessoa física não paga nada por fazer um Pix.

RegulamentoA partir de 5 de outubro, as instituições e os usuários terão a oportunidade de se familiarizar com todas as funcionalidades para a gestão das chaves – registro, exclusão, alteração, reivindicação de posse e portabilidade. As regras específicas estarão detalhadas no Regulamento Pix, que será publicado em agosto.

Essa medida dá mais tempo para que todos façam o registro das chaves e estimula a competição pela vinculação das chaves às suas contas entre as instituições que ofertarão o Pix aos seus clientes. A participação nesse período antecipado de registro de chaves será facultativa às instituições financeiras e de pagamentos participantes do Pix, tendo como pré-requisito a conclusão bem sucedida da etapa de homologação.

O Pix é uma ação da Agenda BC#, dimensão competitividade.

Cronograma de marcos do Pix
Agosto: Divulgação do Regulamento Pix e manuais técnicos;

05/outubro: Início do processo de registro de chaves de endereçamento;

03/novembro: Início da operação restrita do Pix;

16/novembro: Lançamento do Pix para toda a população.

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BancoCentral analisa a criação da figura de ‘correspondente digital’

Isso ajudaria a distribuir crédito em momentos emergenciais, a exemplo da atual crise gerada pela pandemia do coronavírus

Por Flávia Furlan – publicado no Valor Econômico em 17/04/20

O Banco Central e os representantes das fintechs iniciaram estudos para a criação da figura de um “correspondente digital”. A iniciativa está sendo desenvolvida em um contexto em que o regulador deseja ter mais visibilidade sobre o mercado para poder autorizar as fintechs a distribuir crédito em momentos emergenciais, a exemplo da atual crise gerada pela pandemia do coronavírus.

O correspondente bancário tradicional mantém uma estrutura de lojas físicas e funcionários em balcões para atender as pessoas que querem pagar contas, contratar seguros e crédito ou depositar valores, como as lotéricas. O “correspondente digital” seria o grupo formado pelas fintechs, que mantêm uma plataforma tecnológica para prestar serviços financeiros, especialmente a oferta de crédito, para as pessoas físicas e jurídicas.

Da forma como o mercado está organizado hoje, o BC enxerga os correspondentes físicos e digitais como um fluxo único, o que o impede de acompanhar as atividades dessas plataformas digitais com “lupa”. Daí resulta uma resistência em usar as fintechs para distribuir crédito durante esse período de crise.

O Valor informou que há estudos no ministério da Economia para distribuição de recursos do Tesouro Nacional via bancos, fintechs e credenciadoras, as empresas de  “maquininhas”, para lojistas de pequeno porte, com faturamento anual de até R$ 30 mil, mas que há resistência de grandes bancos públicos – a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil -, que apontam complexidade na operação.

No início das atividades, as centenas de fintechs no país costumam trabalhar como correspondentes bancárias para poder conceder crédito, até atingir tamanho e capacidade suficientes para pedir uma licença ao Banco Central e atuar como Sociedade de Crédito Direto (SCD) ou como Sociedade de Empréstimo entre Pessoas (SEP). No total, existem 24 empresas nessas categorias no país, de acordo com dados recentes do Banco Central.

O regulador pediu ao mercado a elaboração de uma proposta, que deve ser encaminhada ainda nesta semana, para a criação do “correspondente digital”. Apesar dos esforços, existe a possibilidade de essa figura não ser desenvolvida a tempo de permitir a participação das fintechs não reguladas na distribuição de crédito durante a crise atual.

“Nossa proposta é que as fintechs não reguladas, que operam como parceiras das instituições financeiras na originação de crédito, isto é, como correspondentes bancários, possam de alguma forma integrar a cadeia de distribuição desse crédito emergencial”, diz Diego Perez, diretor executivo da Associação Brasileira das Fintechs (ABFintechs). “Precisamos quebrar o estigma de que a fintech é uma empresa de garagem. Elas são empresas competentes, com uso intensivo de tecnologia para distribuir produtos financeiros.”

O correspondente digital tem sido visto como uma eventual categoria de “porta de entrada” das fintechs no sistema financeiro para conceder crédito e, portanto, não deve ter barreiras de atuação, embora tenha de seguir fortes requisitos de segurança, para evitar fraudes e lavagem de dinheiro. O Valor apurou que as negociações do setor devem ser para que essa fintech seja sociedade limitada, uma empresa de mais simples constituição.

A figura do correspondente digital seria de um ente regulado pelo Banco Central, mas que não precisa de uma licença específica para operar. A partir de determinado volume de operações ou quantidade de clientes, a fintech teria de solicitar a autorização para o BC, assim como funciona no mercado de arranjos de pagamento.

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Plataforma que usa blockchain para autorizações no sistema financeiro entra em funcionamento

Desenvolvida pelo BC, a Pier integra dados de órgãos reguladores e agiliza processos de autorização e registro demandados pelas instituições financeiras.


​Constituída para agilizar os processos de autorização do sistema financeiro, a Plataforma de Integração de Informações das Entidades Reguladoras (Pier) entrou em operação. O sistema, que usa tecnologia blockchain, propicia o compartilhamento instantâneo entre as bases de dados de diversos órgãos.

Inicialmente, participam da solução o Banco Central (BC), a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e a Superintendência de Seguros Privados (Susep). A Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc) está iniciando testes para se integrar o mais brevemente possível à plataforma.

“A Pier é mais um exemplo bem sucedido dos acordos e convênios que o BC faz com instituições públicas e privadas”, avalia Adalberto Felinto da Cruz Júnior, secretário-executivo do BC. “A parceria com a CVM e demais reguladores do sistema financeiro tem sido particularmente profícua e abre espaço para importantes sinergias”.

“O fator de maior relevância que a Pier proporciona é qualitativo”, afirma José Renato Barros, gerente do Projeto IntegraBC, que implementa novo modelo operacional para as autorizações demandadas por instituições financeiras ou potenciais empreendedores do Sistema Financeiro Nacional (SFN). “A riqueza de informações, disponibilizadas em tempo real, agiliza os processos de autorização dos pedidos das instituições financeiras”, complementa.

Consultas
A partir da Pier, toda vez que uma instituição entrar com pedido de autorização no Banco Central, o Departamento de Organização do Sistema Financeiro do BC poderá consultar:

•    dados de processos punitivos e de restrições de empresas e administradores, para averiguação de idoneidade;
•    histórico de atuação no sistema financeiro, para checar a conduta e a capacidade técnica do pleiteante;
•    informações sobre as participações de pessoas físicas e jurídicas no capital social e no controle acionário, para cumprimento da legislação.

Com a automatização, consultas analógicas que poderiam levar até um mês passam a ocorrer em segundos. Uma consulta antes feita entre dois reguladores por meio de ofício acontece agora online. “Isso possibilita a redução drástica do prazo de avaliação dos requerimentos e desonera os participantes do atendimento a pedidos de informações que antes demandavam procedimentos manuais”, avalia Daniel Bichuette, chefe adjunto no Departamento de Organização do Sistema Financeiro, do BC.

Exemplo prático

Membro eleito para cargo estatutário em instituição financeira precisa de aprovação do BC, que averigua reputação e capacidade técnica para o exercício das funções

Antes, o BC checava informações por meio de correspondência (ofício)

Com a Pier, uma consulta instantânea online traz as informações necessárias. A partir do CPF do pleiteante, é feita a varredura de informações em todas as bases de dados dos reguladores. São verificados então os processos punitivos e de restrições, bem como os cargos estatutários exercidos e a participação no controle societário no sistema financeiro

Embora comece dando suporte apenas à consulta às bases de dados da CVM e da Susep, a Pier tem potencial de agregar bases de fora do sistema financeiro. Por exemplo, pode-se incluir informações do Judiciário, de juntas comerciais e de organismos internacionais de estabilidade financeira.

Blockchain

“Construir a Pier, utilizando blockchain, permite usar uma tecnologia descentralizada, testada, cujas funcionalidades nativas fazem com que não haja a necessidade de construir o sistema do zero”, explica Eduardo Weller, gerente de plataformas para soluções de software, do BC. Entre as funcionalidades agregadas, estão:

  • Garantia, por assinatura digital, da autenticidade das mensagens trocadas;
  • Imutabilidade e integridade dos dados gravados por encadeamento criptográfico;
  • Atualizações de status baseado em sistema de consenso, sem uma entidade central que possa fraudar dados de forma individual;
  • Resiliência na solução pela replicação dos dados em diversos nós, eliminando o ponto único de falha.
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BACEN – Mais um passo

Sempre gostei da atuação do Banco Central do Brasil e, com a publicação do edital de consulta pública 75/2019, sou cada vez mais fã do regulador.  

Acompanho o Bacen desde 2001, com a implantação do SPB. Na época, como executivo da Redecard e membro da ABECS, tivemos diversas interações com o Banco.

No início o Bacen parecia ter uma equipe muito radical, interessada em “quebrar ao qualquer custo” todas as barreiras, com a clara visão de aumentar a competição, trazendo inovação e reduzindo os custos do sistema. Embora o discurso parecesse radical, suas intenções sempre foram muito boas, entretanto, não tinha o poder para fazê-lo.

Durante os anos 2000, entre os participantes do mercado, havia um claro entendimento que nenhum setor gosta de ser regulado, mas se não houvesse alternativa, que fosse o Banco Central, ao invés do Congresso, afinal agem de forma técnica e não política.

Somente a partir da promulgação da Lei nº 12.865, de 9 de outubro de 2013, que o Bacen passou a ser o agente regulador do sistema de pagamentos no varejo. Desde então temos visto uma atuação impecável (embora há quem discorde) do Banco Central. Sempre consultando e ouvindo todos os participantes do mercado, antes de emitir suas regras.

No dia 16/12/19, publicou o edital de consulta pública 75/2019, colocando em discussão proposta de circular que altera o Regulamento anexo à Circular nº 3.682, de 4 de novembro de 2013, para disciplinar a modalidade de arranjo de pagamento de “saque e aporte” no âmbito dos arranjos integrantes do Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB). Os caixas eletrônicos são os principais veículos para a prestação de serviço de saque e de aporte. 

Revendo as mudanças e evolução do sistema de pagamentos dos últimos 5 anos, é perceptível um aumento significativo da concorrência, inclusão financeira, acesso dos MEIs (Micro Empreendedor Individual) ao sistema, redução dos custos, etc.

Houve uma explosão na oferta contas de pagamento (alternativa à conta bancária), contas digitais, carteiras eletrônicas (com QR Code ou NFC) e cartões pré-pagos.

Uma conta de pagamento, com um cartão pré-pago ou carteira eletrônica, parece ser o instrumento perfeito para substituir o papel moeda, melhorando a conveniência e segurança para um segmento importante da sociedade. De acordo com o Bacen, o dinheiro ainda é a forma de pagamento utilizado com maior frequência por cerca de 60% da população brasileira. Entretanto, a alternativa ao papel moeda ainda enfrenta algumas barreiras e a principal delas são os custos de saque e aporte.

Depositar ou sacar dinheiro de uma conta de pagamento implica em um certo trabalho e custos adicionais. Como em geral os provedores de contas de pagamento não possuem lojas físicas, aportar valores nas contas significa fazer uma transferência bancária (TED/DOC de uma conta bancária) ou pagar um boleto bancário com o valor que se deseja depositar. O saque poderia ser diferente, já que temos no Brasil uma excelente infraestrutura, que inclui um número significativo de caixas eletrônicos. Entretanto, o acesso ao sistema é restrito e exige um pagamento por saque que, muitas vezes, torna o sistema inviável para o consumidor.

Como disse o Bacen, há evidências de que os bancos digitais, os emissores de moeda eletrônica e mesmo bancos tradicionais de menor porte, por não disporem (ou disporem de forma muito limitada) de canais de atendimento presenciais, têm enfrentado custos elevados para dar acesso a esses serviços para seus clientes.

Com a nova regulação, proposta pelo BC, espera-se corrigir essa distorção, nivelar as condições concorrenciais entre agentes e aumentar a competição no Sistema Financeiro Nacional e no SPB.

 

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Após processo no Cade, Rede, do Itaú, amplia isenção de pagamento em dois dias

Matéria de Aline Bronzati, publicado em 16/01/19 no caderno de Economia & Mercados do Broadcast

A Rede, braço de maquininhas do Itaú Unibanco, anunciou nesta segunda-feira, 16, a extensão da isenção de taxas na antecipação de pagamentos em dois dias úteis, o chamado D+2, para transações com cartão de crédito à vista a todos os clientes. A medida, antes restrita a correntistas do Itaú e do Tribanco, será ampliada a qualquer varejista com faturamento anual de até R$ 30 milhões a partir desta segunda e ocorre após o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) ter aberto um processo para investigar a prática comercial da número dois do setor de maquininhas.

“Com a melhora econômica prevista para 2020 e o patamar historicamente baixo da taxa de juros, vimos a necessidade de darmos uma contribuição adicional à economia, ampliando o benefício a qualquer lojista independentemente de ter ou não relacionamento com o Itaú”, diz o presidente da Rede, Marcos Magalhães, em entrevista exclusiva ao Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.

O executivo nega, porém, que a nova ofensiva da Rede resulte de orientação por parte do Cade. O órgão antitruste abriu um processo para investigar a prática comercial adotada pela Rede em maio deste ano, de isentar a antecipação de recebíveis nas transações com cartão de crédito à vista somente aos clientes que recebiam seus pagamentos no Itaú e, posteriormente, também aos correntistas do Tribanco.

O Cade chegou a determinar, em outubro, a suspensão da ação da Rede a partir do dia 05 de novembro até o julgamento do mérito. No entanto, a empresa e o banco obtiveram uma liminar da Justiça Federal que liberaram de manter a prática um dia antes da entrada em vigor da decisão do órgão antitruste.

Recentemente, o órgão rejeitou recurso apresentado pelo Itaú no âmbito da promoção da Rede que beneficiava lojistas com conta na instituição. Ainda assim, a adquirente pode seguir com a prática uma vez que segue amparada pela liminar.

“Não tem orientação do Cade em relação a isso (extensão da ação a todos os clientes). Estamos tranquilos e confortáveis. O movimento que estamos anunciando hoje não é agenda relacionada à discussão técnica com o Cade. O prazo está mais relacionado com o objetivo de fecharmos o ano e iniciarmos 2020 com uma nova dinâmica”, garantiu Magalhães.

Segundo o executivo, a medida além de beneficiar os comerciantes na data comercial mais importante do ano, o Natal, alcança as mais de 15 milhões de pequenas e médias empresas do Brasil, ou seja, 98% do mercado de varejistas no País, que passam a ter acesso ao pagamento em dois dias sem cobrança de taxa. A medida, acrescentou Magalhães, não é promocional e passa a ser a nova prática comercial da Rede. Vale, assim, para clientes atuais, que serão beneficiados de forma automática com a medida, bem como novos clientes.

Desde que a adquirente isentou os clientes com faturamento anual até R$ 30 milhões e que recebem pagamentos no Itaú e Tribanco, em maio último, já foram pagos, conforme ele, mais de R$ 16 bilhões a centenas de milhares de microempreendedores e pequenas e médias empresas. Em termos de volume financeiro, segundo o executivo, a Rede ampliou seu volume financeiro em R$ 4 bilhões no segundo trimestre ante o primeiro e no terceiro contra o segundo.

O presidente da Rede não revela, porém, a expectativa de incremento do volume com a ampliação da iniciativa de isenção de taxa na antecipação de recebíveis em transações com cartões de crédito. Também não abre o impacto esperado pelo banco com a renúncia de receitas que terá a partir da nova ofensiva.

Após isentar os clientes do banco com faturamento até R$ 30 milhões na antecipação de recebíveis do crédito à vista, o Itaú revisou para baixo suas projeções de desempenho tanto sob a ótica de margens financeiras com clientes como do lado das receitas de prestação de serviços.

Na época, o presidente do banco, Candido Bracher, utilizou o movimento para justificar que a iniciativa da Rede não seria compensada em outra linha e que se tratava exclusivamente de um movimento de redução de preços como reflexo do aumento da concorrência no setor de maquininhas.

Acreditamos que o mercado de meios de pagamentos está caminhando para operar de forma aderente à prática internacional (que já atua em D+2). Além disso, há uma demanda histórica tanto do Banco Central como do comércio varejista pela redução do prazo de liquidação das transações”, avaliou o presidente da Rede. “É inexorável essa tendência”, acrescentou.

De acordo com ele, além do incentivo por parte do regulador, há ainda uma demanda dos clientes pela melhora do serviço na área de pagamentos. Sem abrir o indicador, ele afirmou que, desde que a Rede isentou os clientes com faturamento até R$ 30 milhões ano, a satisfação, medida pelo NPS (na sigla em inglês), aumentou em 20 pontos.

A Rede também tem conseguido, conforme Magalhães, ampliar seu market share no segmento de varejo. Por outro lado, como preferiu não entrar na “guerra de preços” do setor, tem visto sua participação se reduzir no atacado, cujas margens são menores. O resultado tem sido perda de mercado ao contrário da concorrente Cielo, de Bradesco e Banco do Brasil, que se debruçou em uma estratégia com foco em preço para ganhar escala e market share.

“Decidimos que não iríamos fazer guerra de preço nas grandes varejistas. Temos perdido share em grandes e crescido no segmento de varejo R$ 4 bilhões trimestre contra trimestre. Na somatória de ambos, temos perdido share, mas faz parte de uma ação planejada dentro do que faz sentido para nós”, explicou o presidente da Rede, sem abrir o atual share da número dois do mercado de maquininhas.

A isenção de taxas na antecipação de recebíveis ao varejo também tem permitido à Rede ampliar sua base de maquininhas. Ao fim de setembro, a empresa somava 1,465 milhão de terminais espalhados no Brasil, aumento de 108 mil terminais em relação a junho e de 328 mil em um ano.