A ideia surgiu depois que a Project Company começou a fabricar anéis e pulseiras com chips habilitados para usar o NFC – dedicada a pesquisar novas tecnologias, a loja da empresa também tem uma réplica do skate voador de De Volta Para o Futuro e uma fechadura eletrônica da Samsung, que pode ser colocada para abrir portas com o biochip NFC fazendo as vezes de chave.Além de vender o chip, a Project Company também organiza eventos para divulgar a tecnologia: são as chamadas “Implant Parties” (festas do implante). A próxima edição, prevista para fevereiro, em São Paulo, tem ingresso a R$ 200. “Com o ingresso, você tem direito ao implante de um chip. Subsidiamos o preço para divulgar a tecnologia, para que a galera queira ir na festa mesmo”, conta Diamin. “Depois do implante, você já pode sair usando o chip se quiser”, diz o empresário, que tem dois chips – um em cada mão, para abrir as portas de sua casa e de seu carro. “Eu fiz o implante em mim mesmo, mas isso eu não recomendo”, diz.
Segurança. Uma outra questão frequente a respeito dos biochips é a sua capacidade de serem invadidos por hackers – afinal, mais do que um ataque, trata-se de uma intrusão no corpo de outra pessoa.
De acordo com Fábio Assolini, analista da empresa de segurança Kaspersky, a principal preocupação hoje com os biochips deve ser quanto à criptografia dos dados presentes nos dispositivos. “A tecnologia de comunicação por campo próximo é passiva: ela só transmite dados se passar perto de um leitor, como um smartphone ou um computador”, explica Assolini. “Ao passar perto do leitor, os dados serão capturados – se estiverem protegidos, só poderão ser decifrados por programas que tiverem a devida autorização.”
Segundo Assolini, os biochips podem se tornar mais vulneráveis quando evoluírem e se tornarem dispositivos conectados diretamente à internet, por exemplo. “Existe um axioma em segurança da informação: onde há software, há vulnerabilidade”, diz. O analista, porém, acredita que, por enquanto, há pouco para se preocupar. “Problemas de segurança e tentativas de ataques só começam a aparecer depois que há adoção massiva da tecnologia”, explica.
“O maior risco que vejo é o de sequestro de dados: isto é, se o usuário não proteger seu próprio biochip e uma pessoa mal intencionada alterar os dados do dispositivo”, diz Raphael Bastos, primeiro brasileiro a ter um chip implantado.
Outra preocupação do brasileiro diz respeito à privacidade dos dados que possam ser coletados pelo biochip – hoje, o País não possui uma lei específica sobre o tema. Tramita desde maio na Câmara dos Deputados um projeto de lei de proteção de dados pessoais – atualmente, o projeto aguarda apreciação de uma comissão especial, e não tem previsão para ser votado.
‘Marca da Besta’. Quem faz uma busca rápida no Google por “biochips” vai perceber: sites e textos que explicam a tecnologia costumam ficar em segundo plano nas pesquisas – a maioria dos resultados são de portais religiosos, que acusam os biochips de serem uma representação diabólica. A origem está no livro do Apocalipse, que diz que “a marca da Besta” aparecerá “na mão direita ou na testa”.
Para Raphael Bastos, primeiro brasileiro a ter um biochip no corpo, a questão religiosa pode ser um entrave no avanço da tecnologia. “Já cheguei até a receber ameaças de morte, e pedi autorização para ter porte de armas por isso”, conta. Para o norte-americano Amal Graafstra, dono da loja de biochips Dangerous Things, a discussão pode ser resolvida de forma mais prosaica. “A marca da besta já foi associada a cartões de crédito e códigos de barra, também, mas se você se preocupa com isso e ainda assim quer ter um chip, é simples: coloque na mão esquerda.”